A NOVA CONCEPÇÃO NAS ARTES PLÁSTICAS - O RENASCIMENTO

Sempre que se fala sobre a arte do Renascimento, as imagens que imediatamente nos vem à mente são as dos grandes artistas plásticos e suas obras mais famosas como a "Mona Lisa" e a "Última Ceia" de Leonardo Da Vinci, as inúmeras e suaves "Madonas" de Rafael (que permanecem ainda como o modelo mais frequente de representação da Mãe de Cristo) e os afrescos do "Teto da Capela Sistina" de Michelangelo. Por que razão o Renascimento implica esse destaque tão grande dado às artes visuais? De fato, as artes plásticas acabam se convertendo num centro de convergência de todas as principais tendências da cultura renascentista. E mais do que isto, acabaram espelhando, através de seu intenso desenvolvimento nesse período, os impulsos mais marcantes do processo de evolução das relações sociais e mercantis.


Mona Lisa, 1503-1505
Leonardo Da Vinci
óleo sobre painel
77 X 53 cm
Museu do Louvre. Paris


Nesse período da história, a nova camada social - a burguesia, pretendendo impor-se socialmente, precisava combater a cultura medieval, para isso, era necessário construir uma nova imagem da sociedade na qual ela, a burguesia, ocupasse o centro. assim sendo, as grandes famílias que prosperavam com os negócios bancários e comerciais e os novos príncipes monarcas começam a utilizar uma parcela da sua riqueza para a construção de palácios nos centros das cidades, igrejas, catedrais e capelas (onde colocavam nas entradas os seus brasões e no interior enterravam seus mortos), e na encomenda de quadros, gravuras e afrescos que adornavam os recintos particulares e alguns prédios públicos.

Esses financiadores de uma nova cultura eram chamados de mecenas, isto é, protetores da arte.Seus objetivos eram não somente a autopromoção, mas também a propaganda e a difusão de novos hábitos, valores e comportamentos.

As atividades e os campos de reflexão que mais preocupavam os pensadores renascentistas, aparecem condensados nas artes plásticas: a filosofia, a religião, a história, a arte, a técnica e a ciência.  A arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções, inovações e aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente a conquista da física, da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia.

O Renascimento na Itália no Século XIV

A partir de Giotto no século XIV e na metade do século seguinte, dá-se um prodigioso desenvolvimento da escultura e da pintura na Itália, que servirá de modelo para outros países da Europa.

O homem (e seu pensamento) novamente deverá ser a medida ideal de todas as coisas - e não mais apenas a teologia medieval deve investigar os fenômenos da natureza para melhor conhecer o ambiente em que vive.

O que se observa em uma pintura renascentista:
1 - a ilusão de profundidade, que dão o tamanho exato de uma coisa ou de um ser tornando-o menor ou maior através de uma rigorosa perspectiva linear (baseada na linha do horizonte), em oposição à perspectiva hierárquica (baseada nos valores religiosos que marcaram a Idade Média).


Sagrada Família Canigiani
1507-1508,  óleo sobre madeira
131 cm x 107 cm
Alta Pinacoteca de Munique.

2 - o aumento dessa profundidade através da perspectiva aérea, dando a impressão de que os quanto mais os objetos se afastam de nós, mais sua cor se torna acinzentada e mais difuso o desenho.

3 - a ilusão da textura dos objetos (a dureza do mármore e a suavidade do veludo).

4 - a ilusão do volume através do claro-escuro, ou seja, dos efeitos de sombras e luzes

5 - a ilusão do movimento.

6 - o perfeito conhecimento da anatomia humana, através do desenho realista e tomado ao natural do corpo humano.

Finalmente, cabe ainda ao artista elevar-se da sua condição de artesão anônimo e tomar maior conhecimento de outras artes e ciências, como a música, a poesia, a mitologia, a história da arte, a geometria.


Perspectiva Intuitiva

Impressão inédita de olhar para uma parede pintada e parecer que se vê para além dela, como se ali tivesse sido aberta uma janela para um outro espaço, era o principal efeito buscado pelos artistas.
Três grandes nomes dominam o período final do Renascimento italiano: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio.

LEONARDO DA VINCI (1452-1519), é o gênio que encarna o próprio espírito do Renascimento, com seu desejo de tudo investigar e tirar conclusões lógicas e práticas. No fim da vida, escreve o Tratado da Pintura, no qual emitiu a frase que define seu pensamento e o do próprio Renascimento: "Arte é coisa mental, ou seja, em arte o pensamento e a criação são mais importantes que a habilidade manual." Entre suas inúmeras composições merecem destaque especial:



A "Mona Lisa", também conhecida como A "Gioconda", pintada por Leonardo Da Vinci entre 1503 e 1505. A técnica usada pelo artista foi tinta a óleo sobre madeira. O quadro que mede 77 x 35 cm pode ser visto no Museu do Louvre em Paris, França. A pintura pode ser considerada uma das mais polêmicas da História da Arte; seu sorriso enigmático, serve de indagações e especulações a respeito da modelo e das intenções de Leonardo ao pintar o quadro. Alguns acreditam que a obra represente a própria imagem do artista. A crítica concorda com o fato do quadro ter sido pintado em Florença (Itália), na mesma época em que trabalhava na "Batalha de Anghiari", mas não há segurança alguma sobre a identificação da personagem. O retrato também é atribuido esposa de Francesco del Giocondo, um rico cidadão florentino da época (do qual origina o nome da obra), mas não há documentos que comprovem tal fato. Segundo dados de historiadores, o quadro era o preferido de Leonardo, e ele o carregou consigo por todos os lugares que viveu.




Exemplo de arte sacra dos mais conhecidos de todos os tempos, e tema mais representado por artistas em  estilos e técnicas variados, A "Última Ceia" de Leonardo da Vinci decora uma parede do convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão. O afresco representa o momento seguinte em que Cristo afirmou "Um de vós me trairá" e descreve por meio de gestos, expressões e postura dos corpos as diversas reações dos apóstolos diante das palavras de Jesus.

MICHELANGELO BUONARROTI (1475-1564), gênio precoce e atormentado, passou por várias etapas artísticas: desde a serenidade clássica à inquietação barroca do século XVI, do qual foi o precursor. Aos 24 anos, esculpiu sua obra prima que finalmente o consagrou: "A Pietá", da Basílica de São Pedro no Vaticano. Essa escultura está de acordo com os propósitos do belo ideal: a jovem e bela Mãe contempla o belo Filho morto, estendido em seu colo.Porém é facilmente observada a ausência de expressão diante da dramaticidade do tema, característica essa que marca a arte renascentista.


Pietá
1498-1499, mármore
174 cm de altura
195 cm de largura na base
69 cm de profundidade


Davi
1501-1504, mármore
410 cm de altura
Galeria da Academia. Florença


Além de exímio escultor, Michelangelo é autor do famoso teto da Capela Sistina, no Vaticano, realizado na técnica do afresco entre 1505 e 1514..



O Juízo Final
1536-1541
afresco
13,70 m x 12,20 m
Capela Sistina, Vaticano.

Tondo Doni
1504-1506, óleo sobre painel
120 cm de diâmetro
Galeria dos Uffizi. Florença

RAFAEL SANZIO (1483-1520), é o mestre da doçura, da paz e da tranquilidade espiritual, das formas amplas e bem estruturadas através de um desenho sutil.


A Escola de Atenas
1509-1510, afresco
base 7,70 m
Stanza Della Signatura, Vaticano.

Esponsais de Maria
1504, madeira
170 cm X 118 cm
Pinacoteca de Breza, Milão.

Ficheiro:MadonnaRosa.jpg
A Virgem da Rosa
1518, óleo sobre tela
103 cm x 84 cm
Museu do Prado. Madri. Espanha.

A Sagrada Família (A Pérola)
1518, óleo sobre tela
114 cm x 115 cm
Museu do Prado. Madri. Espanha.

Frá Angélico, Piero de La Francesca, Botticelli e Ticciano são outros artistas que se destacaram na pintura desse período.